terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Jack, o Estripador



  A falência do Direito e da Justiça

      As penas da lei, o Código de Processo Penal e o sistema penitenciário são temas que o Brasil precisa discutir urgentemente, não só para eliminar a desumana irracionalidade das prisões, mas também para proteger a sociedade de criminosos reincidentes.
     Lamentavelmente, o Senado aprovou o novo Código de Processo Penal sem amplo debate nacional. Só a OAB, advogados, juízes e promotores opinaram, em meio a fortes divergências. E agora que o projeto está na Câmara repete-se o silêncio.
     Seria interessante que o país analisasse, por exemplo, o caso do pedreiro Alexandre da Silva, de 35 anos. O desempenho desse rapaz é um soco no estômago daqueles que, por ideologia ou alienação (o que dá quase no mesmo), pensam que só ricos e traficantes escapam da cadeia e voltam a cometer crimes.
     Alexandre não é rico e nem traficante. É operário, age sozinho e estupra e mata mulheres. Condenado, em 2001, a 22 anos de prisão, por estuprar e matar duas mulheres na pequenina cidade de Matias Barbosa, em Minas Gerais, ganhou o chamado regime semiaberto e já voltou a matar.
     Em países onde há leis coerentes e uma sociedade atenta, crimes de natureza sexual cometidos contra adultos ou crianças são tratados com rigor, porque na maioria dos casos o criminoso é predador compulsivo e fará outras vítimas, se voltar às ruas sem passar por atendimento psiquiátrico e vigilância policial competente.
     Nesses países, Alexandre seria internado em instituição penal adequada, receberia assistência médica e só voltaria às ruas se os especialistas o considerassem apto para a convivência social. Aqui, ele deixou a cela em Matias Barbosa e foi caçar na vizinha Juiz de Fora, metrópole regional mineira.
     Na cidade maior, onde é mais fácil se esconder e achar vítimas, Alexandre duplicou seu desempenho: só este mês, foram quatro estupros e duas mortes. Bem que tentou matar quatro, mas duas delas conseguiram escapar. Não se trata, pois, de um cidadão gentil com as mulheres. Aliás, as sobreviventes contam que ele as atacou com faca e facão, prova de que aprecia o serviço completo e bem acabado.
     Mais completo e acabado que o trabalho da Justiça e da polícia.
     Cuidado, meninas. Mas de uma coisa vocês já podem se orgulhar: Jack, o Estripador, adoraria viver no Brasil.


    Tião Martins

Um comentário:

  1. No Brasil vemos cada ABSURDO!De um lado,os que ficam presos por furtar um pote de margarina, ou por pescar minhocas pra usar como ísca, como já vi alguns julgados, com condenação e tudo, teve quase que ir pro STF, é acredite!Brasil, tudo acontece!
    De outro lado, estupradores, homicidas são colocados na rua sem qualquer condição de viver em sociedade!
    Acredito que deveria ter profissionais mais preparados, pois estes SÓ GANHAM A LIBERDADE APÓS EXAMES PSICOLÓGICOS, realizados por "profissionais competentes", Então PERGUNTO:QUEM DEVERIA RESPONDER? Os profissionais que concedem os atestados ou os juízes que aceitam como vedadeiro e suficiente estes atestados?! Creio que TODOS deveriam responder!

    Muito bom o texto Tião.

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