terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Poesia no STF.


É necessário dizer, por fim, vigorosa e reiteradamente, que
a decisão pela improcedência da presente ação não exclui o
repúdio a todas as modalidades de tortura, de ontem e de
hoje, civis e mi litares, policiais ou delinquentes.
Há coisas que não podem ser esquecidas. Em um poema,
Hombre preso que mira su hijo, Mario Benedetti25 diz ao filho
que “es bueno que conozcas/que tu viejo cal ló/o puteó como un
loco/que es una linda forma de cal ar”; “y acordarse de vos ---
prossegue ---/de tu cari ta/lo ayudaba a cal lar/una cosa es
morirse de dolor/y otra cosa morirse de vergüenza”. E assim
termina este lindo poema, que de quando em quando ressoa
em minha memória: “llora nomás boti ja/son macanas/que los
hombres no l loran/aquí l loramos todos/gri tamos berreamos
moqueamos chillamos maldecimos/porque es mejor l lorar que
traicionar/porque es mejor l lorar que traicionarse/l lora/pero no
olvides”. É necessário não esquecermos, para que nunca mais
as coisas voltem a ser como foram no passado.
Julgo improcedente a ação.

 
Ministro Eros Grau


p.s.: Parte do voto do Ministro Eros Grau sobre a Lei de Anistia, no qual ele finaliza de forma brilhante, com uma poesia.

Um comentário:

  1. Linda postagem e conselho perfeito que só mesmo de pai para filho:"...porque é melhor chorar do que trair/porque é melhor chorar do que trair-se/chora/porém não esqueças."

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