quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Quem suporta isso?



O caso se deu na outra Bahia, bem diferente daquela que vende ao Brasil a fantasia de que a vida lá é festa o ano inteiro, o amor é livre, não há preconceito de cor, raça ou religião e todo mundo fica odara (ou na mais santa paz, que só o Diabo e Caetano sabem o que é).
Recomenda-se aos que acreditam em lendas que nem leiam o que se segue, pois se trata de história banal de terror, escrita pela realidade.
Evaristo Santana Filho, policial civil de 40 anos, matou a tiros sua esposa, a estudante de Direito Luciana, de 29 anos, apenas quatro dias depois do casamento. Casou numa quinta e no domingo à noite já era viúvo precoce, após disparar contra o peito da mulher.
Luciana morreu em um domingo.
Desde então, Evaristo jura que o espírito da mulher não sai de perto dele, pedindo perdão por traí-lo. O assassino não alegou “legítima defesa da honra”, porque nem a Bahia aceita mais esse argumento que, no passado, libertou tantos criminosos, mas sua versão também foi criada sob medida para comover jurados machistas:
- Antes de morrer, ela confessou que me traía e disse que eu era um corno preto. Disse que nossos tipos não eram compatíveis e que ela gostava mesmo era de homem branco. Homem nenhum suporta isso.
E, ao concluir o depoimento, foi liberado para descansar na casa de parentes, à beira da praia, onde espera, provavelmente, que o espírito de Luciana o deixe em paz. De corpo fechado, do jeito que os baianos gostam.
E Luciana continuará morta.
Quem suporta isso?


Tião Martins

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