sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Em legítima defesa



Há ideias que, embora pareçam estranhas à primeira vista, merecem ser discutidas. Mas sem preconceito. Aliás, se todas as pessoas abandonassem, pelo menos por um dia, toda a carga de tolices que acumulou durante a vida, o mundo seria um lugar bem melhor.
Nada é tão enriquecedor quanto a polêmica honesta e o contraditório inteligente. De repente, abandonamos o velho mundo em preto & branco, respiramos livremente e podemos contemplar todas as cores, mesmo que, por falta de costume, algumas delas nos pareçam esquisitas.
No tempo em que havia inteligencia na Grécia, era assim que trabalhavam os grandes mestres do pensamento. E a obra que eles deixaram é a melhor prova de que estavam no bom caminho.
Aceite, portanto, como provocação e tema de debate, a ideia de que certos casais deveriam pensar durante 50 anos, no mínimo, antes de produzir filhos. E como esse meio século já seria mais que suficiente para cortar o barato deles, o mundo ficaria menos povoado e mais seguro.
A razão dessa proposta é que muitos casais apresentam um nível de maturidade emocional inferior ao dos adolescentes. Egocêntricos, envolvidos até o pescoço com o sucesso e escravos do dinheiro e do poder, parecem crianças que não passaram por um processo de socialização.
Ninguém sentiria falta dos filhos deles, se decidissem não correr o risco.
Alguns geram filhos só para provar ao mundo que são macho e fêmea saudáveis. E, agindo assim, cometem a maior das aberrações, pois os filhos nascidos dessa motivação um dia vão querer se vingar.
Histórias de terror como a da menina que se aliou aos assassinos dos seus pais, em São Paulo, ou da outra, na Baixada Fluminense, que planejou – com o namorado – um assalto à própria mãe, são provas antológicas de que há uma doença crônica corroendo certas famílias.
O crime já se tornou quase que opção natural, para boa parte dos jovens brasileiros, devido à desagregação das famílias. E essa história nunca tem final feliz. Se os adultos não têm maturidade para ser pais e mães, que desistam de gerar filhos e filhas. É uma opção até de legítima defesa, para que não se tornem as próximas vítimas.



Tião Martins

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