sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Sobre a velhice

"Uma árvore em flor fica despida no outono. A beleza transforma-se em feiúra, a juventude em velhice e o erro em virtude. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente".

Dalai Lama


Me proibiram de usar. É, o cartão de crédito.
Me proibiram, disseram que com ele eu não saio. Pois então fico. Que gosto há de ver aquela sandália e não poder comprar? E aquela bolsa na moda?
Ser velha é uma droga. Sou velha. Não velha de galocha, ou velha caduca. Sou uma velha sabida, acompanho os mais recentes estilistas e entendo muito de marcas e roupas. Mas não me deixam sair. Acham que caio, que não tenho força. Daí usam o cartão de crédito como desculpa, eu sei.
Ás vezes me esquecem, nesta casa que não conheço. Ás vezes é dia de visita, mas não a vejo. A visita tinha outro compromisso, inadiável. E adiam minha visita. E me adiam. E vão me adiando, até me cortarem tudo.
Até a água que bebo.
Não faz mal. Logo, logo já nem me lembro.
Nem me lembro de nada.

Michelle Trevisani

Um comentário:

  1. Aii Mih,

    Como a vida é esqusita vezenquando. Adorava ouvir as histórias que minha vó contava, adorava fazer aquela viagem ao passado, era tudo tão mágico..e quanta falta ela me faz!Custo entender que as pessoas que possuem este privilégio de ainda ter estas pessoas por perto não saibam valorizá-las.

    "A vida é tão rara..."

    E um dia seremos nós que precisaremos deste cuidado...

    Muito triste.

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