quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Segurança, uma guerra perdida?



Se os governadores de todos os Estados brasileiros tivessem a coragem de confessar seu fracasso, poderiam mudar a denominação de Secretaria de Segurança para Secretaria da Insegurança Pública. Seria um gesto admirável e coerente, pois a insegurança é hoje a nossa companheira inseparável.
O que prevalece, nas maiores cidades do Brasil, é um sentimento geral de medo. Medo dos bandidos e medo da polícia. E tudo leva a crer que esse medo coletivo, encarcerando os cidadãos em casa e produzindo uma geração de neuróticos anônimos, veio para ficar, enquanto o Estado se mostra desorientado e impotente.
Embora o tema frequente os discursos de todos os candidatos, até hoje nenhum deles foi capaz de pensar criativamente e desenhar políticas coerentes de integração social, como forma de reduzir a criminalidade. Quando falam em segurança, só pensam em prisões e presídios, ignorando que uma política global de segurança – para merecer esse nome – deve incluir habitação popular, saneamento básico, segurança alimentar, assistência à saúde, empregos e, na base, uma revolucionária reforma da educação.
O Brasil não quer mais polícia e mais prisões. Se policiais e presídios fossem a solução, os Estados Unidos da América seriam um paraíso, pois nenhum outro país levou tão longe essa visão pragmática, míope e distorcida dos problemas sociais.
Carecemos, isto sim, de estadistas de visão ampla e generosa, que tenham a coragem de liderar as reformas sociais, econômicas, jurídicas e políticas que a cada ano o Congresso Nacional faz de conta que discute. Essa postura coletiva de autoengano, que nos leva a acreditar que vivemos em um Estado de direito, é a mais grave doença nacional. E todos somos vítimas e cúmplices dela.


Tião Martins

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