quarta-feira, 3 de agosto de 2011

(OPHD), organização protetora dos humanos doentes.


Há um corpo estirado sobre o asfalto, ninguém reconhece a vítima, pessoa anônima como todos os excluídos. É um homem, é só o que sabem os curiosos. O suicida é relativamente jovem, pelo estado em que se encontravam as suas roupas, sujas e esfarrapadas, dava para imaginar que se tratava de algum moribundo, andarilho, pessoa sem lar, sem amor nem pátria, que se dilacera ao cair no chão de uma rua larga, no  centro de uma grande cidade, palco de muitas tragédias como esta, coisa natural para nossa época, em que a loucura se torno fato comum. Já era costume de suicidas subirem no prédio, pularem do último andar, mesmo assim ainda causavam certo frenesi nas pessoas que passavam no momento da queda, aparentemente chocadas,  corriam para ver se era alguém conhecido, mas logo se dissipava a multidão de curiosos.
Os jornais não davam conta do que ocorria no prédio mais alto da cidade grande, pessoas comuns não sabem o porquê, mas eram proibidos de noticiar fatos desta natureza, há quem diga que sendo noticiados os suicídios, aumetariam vertiginosamente que  logo chegaria a uma demanda tão alta que o estado não daria conta de fazer gratuitamente todos os funerais. Seria similar ao que ocorre com os crimes comuns, como estrupo, assassinato e furto, crimes de colarinho branco... por isso se tornaram comuns. 
Por ser um centro comercial, coração finaceiro de uma importante capital, talvez por isso logo chegavam os bombeiros para limpar a rua, a vida tinha que seguir seu curso, e os mortos seu incurso. E neste percurso, a loucura dos homens será sempre vencedora, diante das reflexões dos que se acham seres normais. Paramédicos não foram chamados, pois não atendem a este tipo de ocorrência factual, eles não socorrem suicidas, e os bombeiros assim como os santos do povo também nunca chegam a tempo de impedir as fatalidades, nunca se ouviu falar, a não ser em livros, que eles tenham evitado algum suicídio, ninguém nunca se pergunta sobre este fato.
Por que não organizar um tipo de profissional humano, que faça um trabalho preventivo, com o fim de proteger pessoas que revelem tendências ao suicídio? Poderia se chamar, (OPHD), organização protetora dos humanos doentes.  Estes que fossem diagnosticados como futuros suicidas, poderiam, por foça de lei, serem internados para tratamento regenerativo da razão, o perigo seria incorrer em equívocos como os registrados no “Alienista”, talvez não ficaria ninguém à solta para contar a história e suas consequências. Este fracasso revela algo intrigante, deve ser pelo fato de que mesmo nas ditas organizações humanas há, sobremodo, reflexos do caos, apredemos a fechar a porta só depois de roubados, a razão não se revela, neste respeito, superior ao instinto.


Trecho do Livro Ensaio sobre a Loucura

Evan do Carmo

Um comentário:

  1. BOM DIA,FERNANDA !
    Muito bom este texto acima.
    Estou por aqui,visitando os amigos,seguidores,ou membros ,como se diz agora.
    Gostei das fotos,das imagens...do Blog em geral(acho que agora tudo é "site").
    De qualquer forma,é muito bom este "intercâmbio virtual"
    BOM DOMINGO PARA VOCÊ !
    VOLTAREI.

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