quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A peste que criamos


Os cronistas de humor mais brando já disseram mil vezes que o Brasil é “o país da piada pronta”. Mas a nossa pátria amada, idolatrada, vai se tornando também o país da tragédia anunciada. Estamos às vésperas de um rápido agravamento dos conflitos entre alunos, alunos e professores e entre os próprios professores. E nem era preciso ser profeta para antecipar que – de um momento para outro – as escolas produziriam vítimas fatais, como aconteceu no Instituto Izabela Hendrix, de Belo Horizonte, onde um aluno assassinou o seu professor.
Quem lê jornais ou acompanha o noticiário das emissoras de rádio e TV sabe que a violência nas escolas deixou de ser fato isolado. Trata-se de epidemia, uma peste que atinge todas as regiões do país e cujas causas precisam ser investigadas e combatidas com urgência, para que a escola não se torne um campo de batalha tão matador quanto a droga, os assaltos e o trânsito nas ruas e nas estradas.
Como acontece em quase todos os setores da vida nacional, é quase certo que os governantes não saberão informar quantas pessoas (crianças, jovens e adultos) são agredidas nas escolas, a cada ano. E, se soubessem, não contariam a ninguém, alegando que a divulgação dos números afetaria ainda mais os nervos dos diversos atores que frequentam esse campo de batalha.
Em qualquer lugar do mundo, governo que oculta informações negativas é inimigo público. Já no Brasil, deseducado por vinte anos de regime militar e outros vinte de corrupção endêmica e patrocinada pelos próprios governantes, certas pessoas ainda ousam acreditar que a desinformação é um bem e que o controle da imprensa constitui direito natural do governante.
Essa fé na ignorância e na desinformação, se não é a mãe, é irmã gêmea da corrupção e da violência nas ruas, baladas e escolas. A juventude brasileira, em todas as classes sociais, está sendo vítima de uma chacina.
Acredite quem quiser.


Tião Martins

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